Era uma vez uma mulher...
Ela vivia na correria, prazos, filhos, metas, boletos. Quando a Páscoa chegava, era sempre a mesma coisa: corre-corre no mercado atrás do ovo "mais recheado pelo menor preço", fotos de chocolates nas redes sociais e, claro, aquele sentimento de culpa logo depois do exagero. 🐇
Mas naquele ano, algo diferente aconteceu.
Na sexta-feira antes da Páscoa, ela sentou no sofá, exausta, com uma caixa de bombons no colo. Ao invés de devorar tudo num piscar de olhos, ela respirou fundo e ficou ali, olhando pra embalagem dourada refletindo a luz da sala. Pela primeira vez, se perguntou: por que todo ano eu entro nesse automático?
Talvez fosse só sobre os chocolates. Mas talvez... fosse sobre outra coisa.
Naquele silêncio, ela percebeu: Páscoa não era só sobre comer, era sobre sentir. Sobre o que estava renascendo dentro dela. Sobre a chance de olhar para o que estava velho e pesado, e deixar morrer. E o que estava brotando, leve, fresco, novo... deixar viver.
No domingo, ela ainda comprou ovos. Mas comprou menos. Escreveu bilhetinhos para cada um. Ligou para a tia com quem não falava há meses. Desligou o celular por uma tarde. Sentou para comer o chocolate com presença. Chorou um pouco. Riu mais um tanto. Sentiu que estava viva de verdade.
Naquele ano, ela entendeu:
Páscoa é um lembrete delicado de que você pode recomeçar.
Não importa o tamanho da bagunça, do cansaço, das escolhas.
Existe sempre um "depois".
E o chocolate? Continua sendo uma delícia.
Mas agora, tem gosto de escolha. Tem gosto de pausa. Tem gosto de vida.
E pra você, Herdeira?
O que precisa renascer aí dentro?
Aproveita esse momento e se faz essa pergunta.
Nem sempre a resposta vem de imediato. Mas ela vem.