Mayara Masae Kubota Postado 19 de Maio de 2025 Postado 19 de Maio de 2025 Eu sou boa em começar coisas novas, muito boa mesmo e por muito tempo, eu achei que isso era uma qualidade incrível. E, de certa forma, é. A sensação de iniciar um projeto novo, o entusiasmo de assistir a primeira aula de um curso, aquela vontade de contar pra todo mundo: “agora vai!” Eu amo esse comecinho. O ar de novidade. O frio na barriga. É como se, junto com o projeto, nascesse uma versão nova de mim. Mais motivada, mais produtiva, mais tudo, mas a real é que, por muitos anos, eu realmente colecionei começos. E sabe o que acontecia depois? Outra ideia aparecia. Mais legal, mais estratégica, mais brilhante. E lá ia eu de novo: começava com empolgação total, até aquela faísca sumir… e eu abandonar mais um projeto no meio do caminho. Bem ainda que o PMP surgiu e eu parei de largar os projetos no meio do caminho. Claro, que dependendo do projeto não vale a pena insistir, por exemplo, se algum projeto dos amigurumis não está dando certo, eu simplesmente mudo a rota e bora começar outra coleção! Mas esses dias descobri que isso tem nome: síndrome do objeto reluzente. É quando a coisa nova sempre parece mais promissora do que aquela que você já começou. É como se todo amigurumi que eu começasse a criar perdesse a graça no meio do caminho, porque logo aparece outro mais promissor. E claro, lá vai o cérebro: “agora sim!” Agora vai. Agora tudo vai fazer sentido. Mas a verdade é que, depois da empolgação, vem o processo. E o processo… ah, o processo é exigente. Ele exige presença, constância, paciência, disciplina. E isso raramente é tão empolgante quanto um início cheio de promessas. E aí nos perguntamos: será que esse projeto ainda é bom? será que eu devia mesmo continuar? E começa tudo de novo. Nova ideia. Novas pastas de referência. Novo brilho. Novo abandono também. Demorei pra entender que o problema não é começar. Começar é ótimo. O problema é acreditar que só vale continuar enquanto ainda estiver emocionante. Porque nenhuma relação, nenhum projeto, nenhuma ideia criativa sobrevive só de empolgação. Criar pede um outro tipo de amor. Um amor mais maduro, que permanece mesmo depois que o encantamento passa. Um amor que escolhe continuar, ainda que o processo pareça monótono, confuso, ou longe de dar certo. Às vezes, a resposta não está em começar outra coisa, está em ficar um pouco mais, em sustentar o que você já começou. Porque tem muita beleza no que floresce com o tempo. E tem orgulho em dizer: isso aqui, eu levei até o fim. 1
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